quarta-feira, junho 18

Mídias Digitais On The Rocks agora no Orkut

Agora além da lista de discussão e do blog, "Mídias Digitais On The Rocks" também tem uma Comunidade no Orkut.
Participe, responda a enquete envie artigos, concorde ou discorde, é mais um espaço que a turma criou....

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=54431109

segunda-feira, junho 16

A Internet é Inovadora?

por Gustavo Audi

Percebi que o número de sites na Web é extremamente grande – novos são criados a cada dia. Sites de vídeos, mecanismos de busca, mapas, redes sociais... São iniciativas feitas por pessoas comuns, usuários simples, ou por empresas (grandes e pequenas).

A variedade de serviços prestados é altíssima. O site glassdoor.com, por exemplo, reúne avaliações de empregadores e salários pagos, tudo informado pelo próprio usuário (que fica protegido pelo anonimato). Já o hotpads.com faz uma lista de residências para vender ou alugar – o site organiza tudo em mapas ou listas (o serviço só está disponível nos EUA).

Posso citar uma lista colossal de sites, como strands.com, sobre recomendação; twiddict.com, que publica posts no Twitter; totspot.com, uma rede social para crianças; branddoozie.com, que cria marcas e logos; ou tipjoy.com, onde se pode dar gorjetas a coisas que se gosta. Usei apenas sites de língua inglesa, pois a produção nacional nem se compara às iniciativas dos estrangeiros. No entanto, isso não quer dizer que elas não existam: temos o sonico.com, uma rede social latina; wikicrimes.org, mapeamento de crimes no Brasi; vcvai.com, guia de sugestões.

O local de origem não é importante; importante é perceber o caráter democrático da Web. Com as novas tecnologias de informação e comunicação, tornou-se fácil pôr em prática idéias antes complexas de produzir. Todos podem criar.

Mas até que ponto são realmente criações? Inovações? Será que precisamos desses serviços? O que define o sucesso de um sobre o outro?

Sites que disponibilizam vídeos existem aos milhares: Veoh, Hulu, NewTeeVee, My WeShow, Current TV, e por aí vai... E muitas vezes os vídeos disponíveis em um site são links para outro (My WeShow usa vídeos do Youtube). Redes sociais são criadas constantemente: Hi5, Orkut, MySpace, Facebook, LinkedIn. O número de blogs cadastrados no Technorati ultrapassa os 100 milhões!

Quem usa tudo isso?

A causa dessa inundação de projetos de inovação é a segmentação do conteúdo – serviços cada vez mais específicos são criados com o objetivo de atingir um público diferente. O Facebook como rede social faz bem o seu trabalho, entretanto atingir um nicho mais específico é vantajoso (principalmente porque a idéia principal já foi inventada). Para isso, temos, por exemplo, o LinkedIn, uma rede social voltada para a vida profissional.

É estratégico especificar mais a fim de atingir as pessoas certas para o seu negócio (sim, no final a internet é um imenso negócio). O macete é atacar os 80% dos usuários marginalizados pela lei de Pareto (que afirma que 80% das conseqüências vêm de 20% das causas).

Infelizmente, os desenvolvedores de site decidiram aderir à individualização adaptando algo já existente. Para que inventar a roda se podemos apenas moldá-la ao terreno? É mais fácil criar um modelo sobre outro que já funcionou. Não quero dizer que na internet não há nada original; no entanto, boa parte do que surge hoje em dia é mera cópia cheia de glamour.

O que é o Twitter senão um blog com limite de caracteres? Eles chamam de microblog. A proposta inicial é saber o que se está fazendo (obviamente as pessoas encontraram uma utilidade melhor para essa “idéia”); mas isso já conseguimos fazer através de redes sociais, MSN, blogs... Por que criar um Twitter? Não será surpresa se alguém, no futuro, criar um nanoblog, com limite de uma palavra (de preferência um gerúndio) e slogan: “O que você está fazendo agora, nesse exato minuto, nem um segundo depois?”

A moda na Internet é seguir o modelo das boates. Há um período de vida útil para o estabelecimento. E qual a melhor maneira de voltar a atrair cliente? Exato. Trocar o nome; não precisa nem alterar substancialmente a casa, basta uma nova marca e algumas mudanças no layout (basicamente a função de vender bebida/ouvir música continuará da mesma forma).

Outro exemplo clássico são os sites de busca. O Viewzi busca os resultados no Youtube, Veoh, Blinkx, Yahoo, Google, Fickr, Wikipedia, MSN, Ask, Ebay, Amazon... O diferencial é a forma como o resultado será exibido; neste caso, o usuário opta por texto simples, vídeo, foto 3D, foto 2D, web screenshot etc.

O Viewzi, como inúmeros outros aplicativos da Web, não é inovação; não merece ser chamado de idéia original, pois sua funcionalidade depende de outros mecanismos – além de ser mais um na sua área. A ânsia por uma fatia da internet faz com que, todos os dias, surjam novos blogs, redes sociais, microblogs, mashups e uma infinidade de serviços iguais (para não dizer completamente inúteis). O que sustenta esta indústria é o sonho de ser jogador de futebol: em uma comunidade com centenas de crianças pobres qual a chance de uma delas se tornar o Ronaldinho do futuro? As pessoas apostam nos seus aplicativos como um próximo Google ou My Space.

Por enquanto, a Web 2.0 não inova, ela renova.